Esta
síntese foi realizada, a partir do documento escrito que a Professora Isabel P.
Martins no disponibilizou. Neste avança com ideias prévias:
- · Educação: Vector indispensável para o desenvolvimento.
- · Os Professores e a Educação têm, necessariamente, um sentido político dada a sua projeção na Sociedade.
- · Apesar do Dia Mundial do Professor, que se celebra anualmente no dia 5 de outubro, estes são mais referidos e criticados pelo que não fazem do que por aquilo que fazem bem, alguns mesmo de uma forma excepcional.
- · “Pensei sempre em educação e, portanto, em ensino e aprendizagem, duas dimensões interligadas e com repercussão social. A educação em Ciências foi e é o meu principal foco de atenção.”
·
Depois,
aponta alguns problemas / dilemas :
- Formação de professores (FP): inicial,
continuada /contínua – tema sempre presente entre os profissionais mas sobre o
qual existe pouca discussão na sociedade.
-
Objetivos da FP: formação focada em conteúdos disciplinares (quais?) ou em
competências (estarão definidas?)? Que modelos?
Que práticas? Que avaliação dos
modelos e das práticas?
O que se sabe / verifica / constata (6 tópicos):
1
- Evolução do sistema de ensino … adaptado à sociedade … novas exigências à
profissão de professor … competências
cada vez mais complexas …
2
- A qualidade das práticas pedagógicas é um dos fatores determinantes das
aprendizagens dos alunos. O modo como se ensina é um fator decisivo para o
interesse dos jovens pelo conhecimento.
3
- Os professores são elementos chave para recentrar o currículo formal na
construção de uma identidade cultural de todos os alunos.
4
- As instituições de Ensino Superior responsáveis pela formação inicial de
professores devem identificar constrangimentos, perspetivar alternativas para
melhorar a eficácia da formação dispensada.
5
- A formação inicial de professores deverá ser abordada a partir de três eixos:
o curricular, o organizacional e o acesso à profissão.
6
- Saber ser professor é uma tarefa inacabada e que merece ser aprofundada todos
os dias.
Sugeriu,
nesta sequência, a leitura de um livro, publicado no Brasil, em 2012, escrito
por 12 docentes e investigadores seniores de Educação em Ciências, no final da
carreira, refletindo sobre o que aprenderam com os seus alunos:
Cachapuz,
A., Carvalho, A. M. P., Gil-Pérez, D. (2012). “O Ensino das Ciências como
compromisso científico e social – Os caminhos que percorremos”, Cortez Editora.
Apresentou depois Cinco Questões relativas à
Formação Inicial de Professores (FIP):
1. Filosofia da Formação
Formar em competências ou em conteúdos?
Prevalece ainda uma perspetiva conservadora para a
FIP: O mais importante é o conhecimento profundo e sólido dos conteúdos a
lecionar. Será?
Formação sequencial
(Específica – Profissional – Prática), Formação Integrada
(Específica/Profissional – Prática) ou outro modelo?
Currículos de
Formação: Teoria à Prática ou outro
percurso?
Formação em
contexto de investigação o que significa?
Como diz Isabel Alarcão, é fundamental na
formação inicial uma cultura de investigação, com vista ao desenvolvimento de
atitudes e competências problematizadoras das práticas educativas.
2. Instituições de
Formação:
Competem entre si
para atrair mais alunos, para manter o seu corpo docente.
Há problemas /
dificuldades intrainstitucionais: coordenação; integração de saberes;
articulação de áreas / unidades curriculares; as uc parecem ser domínios
estanques de conhecimento. Os docentes desconhecem, muitas vezes, o que fazem
os seus colegas da mesma instituição.
Desafio: Reconstruir Planos de Estudo abertos, mais
transversais e percursos formativos flexíveis.
3. Formadores:
Que práticas de
ensino são desenvolvidas?
Que preocupações
têm os Formadores sobre o percurso de formação, anterior e posterior, dos
futuros professores?
O que se conhece
das vivências do estudante fora da IES, que experiências carrega e como se
valorizam?
Conhecem o sistema
de ensino (currículos e caraterísticas) onde irão trabalhar os seus formandos?
Os Formadores estão
sujeitos a muitas pressões: (i) cumprimento de requisitos institucionais de
controlo da sua atividade; (ii) valorização do seu CV (publicações relevantes)
o que não tem, necessariamente, a ver com o ensino que praticam.
Desafio: E se os Formadores, investigadores em exercício,
fizessem a transposição da investigação para a formação?
4. Perfil dos futuros
professores/educadores:
À entrada - Quem pode/deve aceder a um curso de FP? A opção
pelo ensino é, genuinamente, a primeira opção de quantos estudantes?
Admite-se
(suposição demonstrada como falsa) que o candidato a professor deve ter
«qualidades adequadas para o ensino». Ora, está demonstrado que não existem
tais «qualidades», que os bons professores não têm um perfil de personalidade
determinado e são tão diversos entre si relativamente a qualidades pessoais
como o são profissionais de qualquer outro setor (Esteve, 1997).
Também não existe
uma lista de qualidades específicas que permitam obter êxito no ensino. Única
pista que prevalece: capacidade de entender e analisar as diversas e complexas
situações sociais onde se desenvolve o ensino. Como as situações são diferentes
é possível que o mesmo professor tenha êxito numas situações e fracasse
noutras.
À saída - Como
saber se um recém-diplomado, agora com um Mestrado, está preparado para entrar
(sozinho) na atividade profissional? É razoável, é legítimo, colocar um
professor principiante sozinho perante uma turma de alunos para tomar decisões?
O período de
indução, processo de socialização profissional, acompanhado por professores
supervisores competentes é fundamental (comparação com a especialização de
médicos). Estes supervisores teriam de ser os melhores, terem estatuto social e
profissional reconhecido.
Como apoiar os
diplomados que só muitos anos após a formação inicial terão lugar no sistema?
5. Prática de Ensino
Supervisionada nas Escolas:
As IES estão reféns
das escolas, normalmente de proximidade, que aceitam receber os estudantes em
formação.
Qual a perspetiva
de ensino veiculada na escola e pelo orientador/supervisor responsável? Qual o
Perfil de Orientador desejável? Que modelos defende, que práticas executa? Como
selecionar supervisores, prepará-los e recompensá-los? Quantas vezes o formando
ouve: «isso é muito bonito na teoria, lá na Universidade. Aqui, na prática,
a teoria é outra…»
A Prática de Ensino
do Estagiário é muito reduzida, sem turma própria. Deveria incluir formação
sobre a Escola, para além da sala de aula.
A competência do professor não se constrói por
justaposição, mas por integração entre o saber académico, o saber prático e o
saber transversal (Alarcão, 1997).
Desafios que avançou:
1.
Os programas de
formação de professores deverão permitir a consciencialização dos próprios
estudantes sobre as suas fragilidades em termos de competências e saberes.
2.
Os Investigadores
têm de promover a divulgação da investigação científica junto dos professores,
o que é bem diferente de escrever para revistas com arbitragem científica.
3.
As políticas
educativas e as instituições de formação não podem alhear-se da investigação
sobre a importância, na formação de professores, de temas centrais (sustentabilidade,
intercompreensão, multiculturalidade, cidadania, …).
4.
É desejável:
- intervenção plural, articulada e holística (decisores, especialistas e outros parceiros sociais) no desenho dos currículos e práticas de formação;
- conceber percursos de formação que incentivem o gosto pelas aprendizagens;
- alimentar a curiosidade e a motivação dos professores;
- atrair bons estudantes para cursos de formação de professores;
- criar redes de cooperação entre professores (todos os níveis) e integrar professores (ensino não superior) nas equipas de investigação.
- realizar a formação em ambiente de investigação.
- Organizar programas / Projetos de Formação Continuada de Professores que mobilizem as escolas e contribuam para a consolidação de práticas de excelência.
Finalmente centrou-se no binómio “Educação e
formação” tendo referido:
Tema onde prolifera o senso comum.
Misturam-se ideias
do passado (escola elitista) com desafios de futuro.
Tema eminentemente
político (veicula ideologias sobre o que é a educação, o papel da escola, as
funções do professor, …).
A docência é uma
profissão científica e reflexiva.
É urgente colocar na agenda política e na agenda da
sociedade a Formação de Professores – o que projetamos para a educação nas
próximas duas décadas.
O poder da nossa
geração - os investigadores | investigadores em Educação! Estaremos a rejeitar o conhecimento científico sobre
Formação de Professores?
Estamos na 3.ª
geração de investigadores em educação diplomados em Portugal!
Existem
Departamentos e Institutos de Educação.
A investigação realiza-se em Unidades I&D
acreditadas.
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