sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Síntese da 6ª tertúlia e Fotos

Esta síntese foi realizada, a partir do documento escrito que a Professora Isabel P. Martins no disponibilizou. Neste avança com ideias prévias:
  • ·       Educação: Vector indispensável para o desenvolvimento.
  • ·       Os Professores e a Educação têm, necessariamente, um sentido político dada a sua projeção na Sociedade.  
  • ·       Apesar do Dia Mundial do Professor, que se celebra anualmente no dia 5 de outubro, estes são mais referidos e criticados pelo que não fazem do que por aquilo que fazem bem, alguns mesmo de uma forma excepcional.
  • ·       “Pensei sempre em educação e, portanto, em ensino e aprendizagem, duas dimensões interligadas e com repercussão social. A educação em Ciências foi e é o meu principal foco de atenção.”

·        
Depois, aponta alguns problemas / dilemas :
 - Formação de professores (FP): inicial, continuada /contínua – tema sempre presente entre os profissionais mas sobre o qual existe pouca discussão na sociedade.  
- Objetivos da FP: formação focada em conteúdos disciplinares (quais?) ou em competências (estarão definidas?)? Que modelos?  Que práticas?  Que avaliação dos modelos e das práticas? 

O que se sabe / verifica / constata (6 tópicos):
1 - Evolução do sistema de ensino … adaptado à sociedade … novas exigências à profissão de professor …  competências cada vez mais complexas …
2 - A qualidade das práticas pedagógicas é um dos fatores determinantes das aprendizagens dos alunos. O modo como se ensina é um fator decisivo para o interesse dos jovens pelo conhecimento.
3 - Os professores são elementos chave para recentrar o currículo formal na construção de uma identidade cultural de todos os alunos.
4 - As instituições de Ensino Superior responsáveis pela formação inicial de professores devem identificar constrangimentos, perspetivar alternativas para melhorar a eficácia da formação dispensada.
5 - A formação inicial de professores deverá ser abordada a partir de três eixos: o curricular, o organizacional e o acesso à profissão.
6 - Saber ser professor é uma tarefa inacabada e que merece ser aprofundada todos os dias.

Sugeriu, nesta sequência, a leitura de um livro, publicado no Brasil, em 2012, escrito por 12 docentes e investigadores seniores de Educação em Ciências, no final da carreira, refletindo sobre o que aprenderam com os seus alunos: 
Cachapuz, A., Carvalho, A. M. P., Gil-Pérez, D. (2012). “O Ensino das Ciências como compromisso científico e social – Os caminhos que percorremos”, Cortez Editora.

Apresentou depois Cinco Questões relativas à Formação Inicial de Professores (FIP):
1. Filosofia da Formação
          Formar em competências ou em conteúdos?
  Prevalece ainda uma perspetiva conservadora para a FIP: O mais importante é o conhecimento profundo e sólido dos conteúdos a lecionar. Será?
  Formação sequencial (Específica – Profissional – Prática), Formação Integrada (Específica/Profissional – Prática) ou outro modelo?
  Currículos de Formação: Teoria à Prática ou outro percurso?
  Formação em contexto de investigação o que significa?
Como diz Isabel Alarcão, é fundamental na formação inicial uma cultura de investigação, com vista ao desenvolvimento de atitudes e competências problematizadoras das práticas educativas.

2. Instituições de Formação:
  Competem entre si para atrair mais alunos, para manter o seu corpo docente.
  Há problemas / dificuldades intrainstitucionais: coordenação; integração de saberes; articulação de áreas / unidades curriculares; as uc parecem ser domínios estanques de conhecimento. Os docentes desconhecem, muitas vezes, o que fazem os seus colegas da mesma instituição.
Desafio: Reconstruir Planos de Estudo abertos, mais transversais e percursos formativos flexíveis.

3. Formadores:
  Que práticas de ensino são desenvolvidas?
  Que preocupações têm os Formadores sobre o percurso de formação, anterior e posterior, dos futuros professores?
  O que se conhece das vivências do estudante fora da IES, que experiências carrega e como se valorizam?
  Conhecem o sistema de ensino (currículos e caraterísticas) onde irão trabalhar os seus formandos?
  Os Formadores estão sujeitos a muitas pressões: (i) cumprimento de requisitos institucionais de controlo da sua atividade; (ii) valorização do seu CV (publicações relevantes) o que não tem, necessariamente, a ver com o ensino que praticam.
Desafio: E se os Formadores, investigadores em exercício, fizessem a transposição da investigação para a formação?

4. Perfil dos futuros professores/educadores:
  À entrada - Quem pode/deve aceder a um curso de FP? A opção pelo ensino é, genuinamente, a primeira opção de quantos estudantes?
  Admite-se (suposição demonstrada como falsa) que o candidato a professor deve ter «qualidades adequadas para o ensino». Ora, está demonstrado que não existem tais «qualidades», que os bons professores não têm um perfil de personalidade determinado e são tão diversos entre si relativamente a qualidades pessoais como o são profissionais de qualquer outro setor (Esteve, 1997).
  Também não existe uma lista de qualidades específicas que permitam obter êxito no ensino. Única pista que prevalece: capacidade de entender e analisar as diversas e complexas situações sociais onde se desenvolve o ensino. Como as situações são diferentes é possível que o mesmo professor tenha êxito numas situações e fracasse noutras.
  À saída - Como saber se um recém-diplomado, agora com um Mestrado, está preparado para entrar (sozinho) na atividade profissional? É razoável, é legítimo, colocar um professor principiante sozinho perante uma turma de alunos para tomar decisões?
  O período de indução, processo de socialização profissional, acompanhado por professores supervisores competentes é fundamental (comparação com a especialização de médicos). Estes supervisores teriam de ser os melhores, terem estatuto social e profissional reconhecido.
  Como apoiar os diplomados que só muitos anos após a formação inicial terão lugar no sistema?

5. Prática de Ensino Supervisionada nas Escolas:
  As IES estão reféns das escolas, normalmente de proximidade, que aceitam receber os estudantes em formação.
  Qual a perspetiva de ensino veiculada na escola e pelo orientador/supervisor responsável? Qual o Perfil de Orientador desejável? Que modelos defende, que práticas executa? Como selecionar supervisores, prepará-los e recompensá-los? Quantas vezes o formando ouve: «isso é muito bonito na teoria, lá na Universidade. Aqui, na prática, a teoria é outra…»
  A Prática de Ensino do Estagiário é muito reduzida, sem turma própria. Deveria incluir formação sobre a Escola, para além da sala de aula.
A competência do professor não se constrói por justaposição, mas por integração entre o saber académico, o saber prático e o saber transversal (Alarcão, 1997).

Desafios que avançou:
1.     Os programas de formação de professores deverão permitir a consciencialização dos próprios estudantes sobre as suas fragilidades em termos de competências e saberes.
2.     Os Investigadores têm de promover a divulgação da investigação científica junto dos professores, o que é bem diferente de escrever para revistas com arbitragem científica.
3.     As políticas educativas e as instituições de formação não podem alhear-se da investigação sobre a importância, na formação de professores, de temas centrais (sustentabilidade, intercompreensão, multiculturalidade, cidadania, …).
4.     É desejável:
  •   intervenção plural, articulada e holística (decisores, especialistas e outros parceiros sociais) no desenho dos currículos e práticas de formação;
  •   conceber percursos de formação que incentivem o gosto pelas aprendizagens;
  •   alimentar a curiosidade e a motivação dos professores;
  •   atrair bons estudantes para cursos de formação de professores;
  •   criar redes de cooperação entre professores (todos os níveis) e integrar professores (ensino não superior) nas equipas de investigação.
  •   realizar a formação em ambiente de investigação.
  •   Organizar programas / Projetos de Formação Continuada de Professores que mobilizem as escolas e contribuam para a consolidação de práticas de excelência.  


Finalmente centrou-se no binómio “Educação e formação” tendo referido:

  Tema onde prolifera o senso comum.
  Misturam-se ideias do passado (escola elitista) com desafios de futuro.
  Tema eminentemente político (veicula ideologias sobre o que é a educação, o papel da escola, as funções do professor, …).
  A docência é uma profissão científica e reflexiva.
  É urgente colocar na agenda política e na agenda da sociedade a Formação de Professores – o que projetamos para a educação nas próximas duas décadas.
  O poder da nossa geração - os investigadores | investigadores em Educação! Estaremos a rejeitar o conhecimento científico sobre Formação de Professores?
  Estamos na 3.ª geração de investigadores em educação diplomados em Portugal! 
  Existem Departamentos e Institutos de Educação.

  A investigação realiza-se em Unidades I&D acreditadas.






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